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Outubro Rosa: Enfermeira Ivonete Vieira fala sobre seu livro ‘Atenção oncológica

Outubro Rosa

 

Em entrevista à Editora Dialética, a enfermeira e pesquisadora Ivonete Vieira fala desde suas motivações pessoais para a escrita do livro até a importância do Outubro Rosa. Confira!

 

Autora de um livro inspirador e profundamente relevante, intitulado ‘Atenção oncológica: plano de ação para facilitar o acesso de mulheres ao rastreamento do câncer de mama na atenção primária’,  a enfermeira e pesquisadora Ivonete Vieira apresenta sua obra em entrevista à Editora Dialética. O livro surgiu como um resultado da trajetória de vida e da motivação incansável de Ivonete para auxiliar e conscientizar principalmente as mulheres acerca da importância do autoexame, dos exames médicos e do diagnóstico precoce do câncer de mama. 

 

Através de sua carreira, Ivonete mergulhou no mundo da atenção oncológica, tornando-se uma referência na área. Seu livro não é apenas um testemunho de seu compromisso, mas também uma análise profunda sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na busca por exames de rastreamento do câncer de mama. 

 

Em uma conversa que abrange desde suas motivações pessoais até a importância do Outubro Rosa, Ivonete compartilha conosco insights valiosos sobre o papel da conscientização na prevenção do câncer de mama e da detecção precoce.

 

Através dessa entrevista, vamos nos aprofundar nas experiências e descobertas de Ivonete, explorando as mensagens e lições que seu livro oferece não apenas às mulheres que enfrentam o câncer de mama, mas também a profissionais de saúde e gestores do sistema de saúde. Confira!

 

Enfermeira Ivonete Vieira fala sobre seu livro ‘Atenção oncológica’

 

Outubro Rosa

 

Dialética: Como surgiu a motivação para escrever um livro sobre o câncer de mama.

 

Ivonete: Em 1980, minha mãe descobriu um câncer. Eu estava no início da faculdade de enfermagem. Essa notícia me abalou demais e sempre fui me perguntando o que eu enquanto enfermeira poderia fazer.

 

Eu sentia uma certa culpa por não ter conseguido ajudar minha mãe na saúde, então eu me interessei por ler tudo nessa área. Em 2009, eu já estava trabalhando como enfermeira nos municípios. E aí surgiram os sistemas chamados Sismama e o Siscolo,  o Sismama que cuida do Câncer de Mama e  Siscolo que cuida do câncer de colo de útero. 

 

Eu me interessei logo em aprender a utilizar esses sistemas e fui descentralizado por municípios e aí em uma seleção em 1997 eu passei a trabalhar pelo Estado como terceirizada e quando tinha o Sismama o pessoal dizia:  ‘ O Sismama eu não gosto muito’ e eu dizia: ‘eu me interesso. Pode deixar comigo’. 

 

Eu ia vendo o número de mulheres e tudo aquilo foi cada vez mais me interessando. Até que em 2014 mudou o sistema. Criou-se o Siscan que englobou os dois outros sistemas tanto Sismama como o Siscolo. Eu fui para esse também e  meu nome foi crescendo no sentido de: ‘Ai, oncologia. Quem é que pode ajudar aqui?’, o pessoal falava: ‘Chama a Ivonete’.

 

O tempo foi passando e em 2017 eu fui selecionada para fazer o mestrado e todo mundo brincava: ‘Já sei qual vai ser o tema da tua dissertação’. 

 

Eu disse pois é, só que agora eu vou focar no ponto, tem tantos mamógrafos  e tantas mulheres precisando, reclamando que não tem mamógrafo e eu olho a produção dos mamógrafos é baixíssima, então não é a falta de manobra. Por que será? ‘Ah porque as mulheres não ligam’.  

 

Eu vejo tantas associações aí brigando por mais acesso e eu disse: ‘eu vou escrever sobre o rachamento do câncer de mama, mas entrevistando mulheres e entrevistando profissionais’.

Quando eu entrevistei os profissionais, todos eles disseram; ‘Ah, a gente sempre pede o exame de mama, mas as mulheres não vão’. Só que eu comecei a entrevistar as mulheres depois que saiam do consultório e perguntava:

 

‘Alguém deu requisição da mamografia?’, a resposta era sempre não. Aí eu resolvi lançar o livro para investigar isso.

 

Dialética: É muito interessante, porque a senhora traz na prática grande parte do que o Outubro Rosa prega. Que é incentivar, conscientizar, ir atrás, pesquisar. Com base nisso, como a senhora vê a importância desse movimento do Outubro Rosa na divulgação de informações e no apoio às mulheres afetadas pela doença? 

 

Ivonete: Eu acho extremamente importante, ainda mais esse ano que o Outubro Rosa está completando 15 anos. è importante porque desde então a gente percebe mais o foco na divulgação, as novelas falando sobre o Outubro Rosa, os jornais.

 

Eu gosto desse movimento, eu acho que ele alcançou uma história e vai deixar um legado muito grande para as próximas gerações. 

 

Dialética: Durante a fala da senhora toda até agora eu já percebi que a senhora passa uma mensagem muito grande em relação a importância da prevenção e detecção precoce do câncer de mama, mas no seu livro eu gostaria de saber qual é a mensagem que a senhora gostaria de transmitir as mulheres que enfrentam o câncer de mama?

 

Ivonete: No livro eu coloquei que tem que falar de câncer também de uma forma leve, tem que enfatizar que câncer tem cura então muitas mulheres. 

 

Então, muitas mulheres não querem nem saber se tem câncer porque acham que não tem cura. Uma das mensagens é que o câncer tem cura. Só que você tem que diagnosticar quanto mais cedo melhor.  Uma das mensagens é essa,  a outra é de não ter vergonha de conhecer o próprio corpo. 

 

E a outra mensagem é para os gestores, para eles olharem e se perguntarem se suas equipes, seu sistema de saúde tá realmente facilitando a vida das mulheres, dando realmente acesso. Será que só tem um mamógrafo acesso?

 

Então tem mensagem para as mulheres, para os gestores e profissionais de saúde. Quem ler esse livro pensa: ‘eu tenho uma mulher em casa, uma mãe em casa, uma esposa, uma filha’. Eu tentei passar muitas mensagens para ver se alguma fica.

 

Dialética: Dá para ver que é um livro para todos, né? Não só para todas e nem para todas que sofrem com a doença. Ao longo dessa pesquisa, qual foi o aspecto mais surpreendente e inspirador que você descobriu sobre o câncer de mama e, ainda dentro dessa pergunta, tem alguma história ou experiência que tenha tocado particularmente você? 

 

Eu me emocionei na hora que estava entrevistando uma das mulheres, ela disse assim: ‘Olha minha filha, eu não vou fazer esse exame porque eu não estou sentindo nada. E outra coisa, eu conheço as minhas amigas aqui que não estavam sentindo nada e foram fazer [o exame] e descobriu que estava com câncer, depois morreu. Então eu acho que se a gente não mexer com essa doença., ela não mexe com a gente; deixa ela quieta. Se eu tiver, enquanto eu não mexer com ela eu vou vivendo’. Esse foi um dos depoimentos que me chamou atenção. 

 

Dialética: Na sua opinião, como os leitores podem contribuir para conscientização sobre o câncer de mama e o Outubro Rosa? Existem ações ou recursos específicos que a senhora recomendaria para quem deseja apoiar essa causa?

 

Ivonete: Eu acho que a informação e a divulgação quanto mais melhor. E insistir quando encontrar mulheres muito resistentes que não faz auto exame, apoiá-la e dizer que vai segurar a mão, porque às vezes elas se sentem tão sozinhas que às vezes só com o apoio elas já se sentem mais fortalecidas. 

Então, a divulgação da importância do diagnóstico precoce, dizer que o câncer de mama tem cura. 

Outra coisa, é importante reclamar no serviço de ouvidoria quando o aparelho está quebrado a meses.

 

Dialética: A senhora gostaria de esclarecer mais alguma coisa sobre o tema sobre assunto?

 

Ivonete: Eu gostaria só de reforçar também que a muito tempo a gente esperou por uma vacina que combatesse um vírus que causa câncer, que é o HPV.

E tem e a gente vê que os jovens não estão vacinando, a cobertura com essa vacina é muito baixa, então a gente pede para divulgar também, né? 

A vacina são só duas doses, toma uma e depois de seis meses toma outra. Assim,  você já garante que seu organismo se proteja contra esse vírus que causa a maioria dos cânceres tanto em homens como em mulheres. Tem o câncer do pênis, no colo de útero, então se tem uma medida preventiva por que não usar? 

 

Leia também: Outubro Rosa: abrindo as páginas da prevenção contra o câncer de mama

 

Conclusão

 

Cada pesquisa nos aproxima de um futuro livre do câncer de mama. Aqui na Editora Dialética, além de acreditarmos na relevância da ação, estamos abertos a publicações de pesquisas e estudos sobre o tema para democratizar  informações sobre os avanços na luta e no combate ao câncer de mama.

 

Publique seu artigo com a Editora Dialética!

 

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